Sinimail nº 12/2023 – 04/04/2023
Pessoas com deficiência e empregabilidade
Ao longo de 2022, a NOZ Inteligência, em parceria com outras instituições, entre elas, o SINICESP, elaborou o estudo “Pessoas com deficiência e empregabilidade”, que teve como objetivo avaliar e analisar o reconhecimento de profissionais com deficiência no mercado de trabalho. O material conta com o levantamento de dados de mais de 4 mil respondentes, sendo 3.730 com deficiência.
O SINICESP realizou, no dia 29 de março, encontro em sua sede, para a apresentação dos dados e discussão dos resultados apontados. Segundo a advogada do SINICESP, Caroline Melloni M. do Nascimento Cliber, o evento foi importante por permitir que as empresas do setor tenham acesso a dados atualizados e segmentados que podem auxiliar na inclusão no setor da construção pesada. Além disso, na oportunidade, os participantes puderam falar sobre boas práticas que vêm desempenhando, dificuldades do dia a dia e possíveis soluções.
Do grupo de pessoas entrevistadas, 55% têm deficiência física ou mobilidade reduzida; 21%, deficiência visual; 21%, auditiva; 2%, intelectual ou mental; 1%, psicossocial e 3%, Transtorno do Espectro Autista (TEA). Sobre a área de formação, 36% dos entrevistados afirmaram atuar na área e terem cargo compatível com sua especialização.
O estudo mostrou que 51,7% possuem vínculo empregatício com carteira assinada e mais 8,1% estão ocupadas, seja por meio de estágio, contratos PJ ou como servidores públicos.
Do total de entrevistados, 31,3% estão desempregados e à procura de uma ocupação profissional. Nesse grupo, 10% nunca atuaram profissionalmente sendo que 61% afirmaram faltar vagas e oportunidades, 59% estavam estudando e à procura do primeiro emprego e 38% relataram preconceito.
Para a economista Juliana Vanin, fundadora da Noz Inteligência e coordenadora da pesquisa, os dados apontam para um cenário fortemente capacitista no mundo do trabalho. “No nosso estudo, trouxemos um recorte de pessoas bastante escolarizadas. Isso eliminou a ideia de que (o problema) seria apenas a falta de escolaridade das PCDs”, diz.
Ainda segundo a pesquisa, 74% das mulheres cisgêneros com deficiências afirmaram que sofrem ou já sofreram preconceito devido à sua deficiência, entre os homens cis, o percentual caiu para 65%.
Na análise dos dados de cargos, é possível retomar as questões das desigualdades sociais relacionadas à educação e como o acesso é desigual entre brancos e negros. O percentual com ensino superior em cargos de liderança (média e alta) é de 18%, três vezes maior do que entre pessoas sem ensino superior (6%).
Entre as pessoas autodeclaradas brancas com deficiência, 15% afirmaram ocupar cargos de liderança; já entre os negros, o percentual caiu para 10%.
Outro dado relevante é a quantidade de respondentes que declararam casos de assédio moral. As variáveis como grau de deficiência, gênero, orientação sexual e escolaridade parecem fazer alguma diferença.
O percentual que afirma sofrer ou ter sofrido assédio moral é de 55% entre as mulheres cis e 48% entre os homens cis, 49% entre pessoas com deficiência leve e 53% entre as pessoas com deficiência moderada e severa. Em todos os perfis analisados, o percentual flutua em torno da taxa de 50%.
Segundo a NOZ Inteligência, pode-se concluir que o assédio moral está presente para metade das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, independentemente de outros fatores que possam agravar a situação.
Para acessar os resultados da pesquisa, clique aqui.