Últimas Notícias nº 25 (10/07/2024)

Há mais de duas décadas, Brasil não investe nem 1% do PIB em infraestrutura

Os investimentos em infraestrutura de transportes no país têm ficado abaixo do necessário há pelo menos 24 anos. A conclusão está em um estudo realizado pela Associação Brasileira dos Usuários dos Portos, de Transportes e da Logística – Logística Brasil.

Segundo dados de 2023 da Abdib o Brasil precisa destinar 2,26% do PIB para cobrir só a depreciação dos ativos públicos de transportes. Com um volume de recursos insuficientes ao longo de 1/4 de século, a situação do país se deteriorou. Nos últimos 5 mandatos presidenciais, o Brasil não foi capaz de comprometer nem 1% do PIB para a infraestrutura.

Os investimentos em infraestrutura de transportes no Brasil (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias) caíram 16,42% de 2001 a 2023, em relação à proporção do PIB nominal.

O estudo traz uma análise do comportamento dos investimentos públicos (federais) e privados nos principais modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aeroportuário, portuário e hidroviário) no Brasil nos últimos 23 anos.

Os dados demonstram que, nesse período, apesar de termos vivenciados importantes investimentos e “ondas de euforia”, que se revelaram “voos de galinha”, o setor jamais se aproximou, no período da análise, do investimento mínimo necessário ´para garantir a manutenção dos ativos.

Os investimentos em infraestrutura de transportes no Brasil (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias) caíram 16,42% entre 2001 e 2023, em relação à proporção do PIB nominal. Em 2023 o volume de investimentos ficou em 0,56% do PIB.

A combinação de alto déficit fiscal (iniciado em 2013 como resultado da desastrosa Nova Matriz Econômica adotada pelo governo federal), escândalos de corrupção sistêmica, mercado nervoso, com o investidor sem confiança para investir devido à insegurança política, econômica e jurídica e os efeitos da pandemia de Covid19, empurraram os investimentos para em infraestrutura de transportes para 0,47% do PIB na década de 2014 a 2023.

Nos dez anos anteriores a média havia sido de 0,72% do PIB. Entre 2001 e 2023 o pico de investimentos ocorreu em 2010, com 0,83% do PIB nominal. Entre 2005 e 2013, com o Programa de Aceleração do Crescimento, a média de investimentos em infraestrutura de transportes no Brasil ficou em 0,73% do PIB.

Os investimentos públicos nos últimos 24 anos registraram média de 0,30% em relação ao PIB nominal. No pico dos investimentos, em 2010, o governo federal respondeu por 0,55% do total investido no setor de transportes em relação ao PIB.

Já os investimentos do setor privado registraram média de investimentos de 0,29% em proporção ao PIB no período analisado. O auge dos aportes do setor empresarial foi em 2005, quando atingiu 0,43% em relação ao PIB.

Durante 10 anos, de 2012 a 2021, o setor privado foi o principal investidor, com média de 0,26% em relação ao PIB. Nos últimos 2 anos o governo federal, que manteve investimentos médios de 0,23% em relação ao PIB na década anterior, voltou a liderar os investimentos, com 0,33% do PIB ante 0,24% de investimentos em relação ao PIB feitos pelo setor privado.

O estudo da Logística Brasil apresenta como solução uma ampliação de concessões e parcerias público-privadas, mas em um modelo mais integrado aos órgãos de controle de contas e ambientais para garantir que as obras sejam efetuadas no cronograma correto.

Na visão do economista Riley Rodrigues de Oliveira, autor do estudo, o país precisa se distanciar de grandes projetos com volumosos recursos como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Para ele, seria mais vantajoso priorizar empreendimentos com capacidade de serem executados no curto prazo e que representem avanços para toda a cadeia econômica.

“Nas novas concessões, em especial naqueles programas já avançados e em fase de elaboração das licitações, é preciso discutir antecipadamente com os órgãos reguladores, ambientais e de controle para que haja um alinhamento nos projetos que garanta sua execução no prazo previsto”, diz Oliveira.

Fonte:  Associação Brasileira dos Usuários dos Portos, de Transportes e da Logística – LOGÍSTICA BRASIL.